Palavra do Pregador

Paulo Vaz - Comunidade Nossa Senhora Imaculada Conceição

13 de Fevereiro de 2013

Carta de um jovem aos irmãos cristãos, em especial, os católicos, por ocasião da eleição do novo papa da igreja universal - católica.

Noli timere – NÃO TENHAM MEDO

Segundo os dogmas e a tradição da Igreja Católica (Universal) diante da Sagrada Escritura, todo fiel batizado é pelo batismo, participante do SACERDÓCIO, REINADO E PROFETISMO de Cristo – o Homem Sacerdote, Profeta e Rei.

Segundo o Código de Direito Canônico da Igreja Universal, TODO fiel cristão católico, pode exercer a função de Sumo Pontífice - PAPA - ou seja, um leigo, pode ser Papa, já que não se trata de um ministério ordenado e sim administrativo.

Eu, como leigo, não desejaria tanto, confesso que se tivéssemos o direito de participarmos da escolha do novo líder votando democraticamente, já estaríamos promovendo e inaugurando ainda mais o Reino proposto pelo fiel Mestre Jesus que testemunhou sua entrega até a cruz, para um mundo melhor – “até que o mundo todo tenha ouvido o evangelho” – era a proposta Dele.

Dentro de alguns dias viveremos mais um momento histórico para toda humanidade, sabendo que se trata da escolha de um grande líder religioso e político, pois o papa também tem “poderes” de Chefe de Estado – Sendo o Vaticano uma cidade/estado. Os eleitores para tal função é um mínimo grupo de batizados, os cardeais. Apesar de suas competências e atitudes na história da igreja, questiono o seguinte: Se todo fiel leigo e batizado pode ser Papa, por que também não pode ser responsável pela escolha do Sumo Pontífice, já que nós, o Povo de Deus é que seremos “governados” por ele?! Por que também não temos o direito de nos opormos, caso seja escolhido algum que não é apto para tal função, como alguns nomes revelados e comprovados pela mídia nos últimos anos?

É sabido que o Espírito de Deus age no povo - por isso o sentido da nossa participação na missa, a Sagrada Liturgia - e os padres, bispos, cardeais e o papa, como todos os batizados, fazem parte do mesmo povo, não são nem mais e nem menos que o povo, todos possuímos o mesmo Espírito, vivemos a missão em cargos, funções, ministérios diferentes, mas trabalhamos todos, pelo nosso batismo, para a construção do Reino de Deus, iniciada pelo seu Filho e nosso irmão, Jesus Cristo, por quem fomos ungidos.

Durante muito tempo, a liderança e consequentemente, a visão da Igreja Universal, esteve voltada para a Europa. Sabemos que esse continente é também o centro da economia do mundo, mas será que deve ser o centro da igreja? Será que é sentido na pele dos administradores da instituição a realidade, por exemplo, que vive a igreja sofredora da América Latina, composta por fiéis marginalizados, famintos, sem casa, sem saúde, sem governos, oprimidos como os nossos antepassados eram pelo “Faraó” ou pelos “doutores das leis”? Será que é sentido na pele dos líderes europeus - vindos de um país ou continente construído, e nós, de um “roubado” – a fome, peste, matança e sofrimento dessa mesma igreja que somos nós - um só corpo - situada no continente Africano?

Será, meus queridos irmãos, que essa novidade provocada pelo corajoso alemão, Joseph Ratzinger – Bento XVI – não é o seu desejo mais íntimo e também oprimido por muitos, pedindo mudanças, aquela que ele mesmo foi impedido de realizar, e hoje, por tantos outros motivos e também sua idade avançada, o faz “renunciar” a continuidade do ministério?

Se o decano do colégio foi eleito em 2005 para melhorar a presença da igreja no continente europeu, eu gostaria de ver eleito um novo Papa Latino Americano ou Africano, para melhorar a presença dessa mesma igreja, nesses pobres e sofredores continentes explorados desde tempos antigos.

Mas, como “ainda” não fomos convidados para esse momento de “pequena democracia”, convido vocês cristãos católicos e de outras denominações se quiserem, a não somente “orar”, “rezar” pelo Papa Bento XVI e seu sucessor, mas correspondermos ao gesto corajoso e humilde do atual pontífice – sabendo que a fé sem obras é morta (Tg 2, 17), para agirmos em nome de nossa fé e de nosso irmão Jesus Cristo, pedindo aos cardeais eleitores, dentre eles, os cinco brasileiros que lá estarão representando nossa fé e nosso sofrimento como povo excluído e marginalizado, para dialogarem e motivarem a todos, uma necessidade de um Papa Latino Americano ou Africano, para não termos uma “igreja universal europeizada” e pior ainda, uma “igreja universal italiana” como foi na maior parte da história.

Como Deus foi generoso conosco, apresento apenas dois nomes de grandes candidatos ao Pontificado:

O Latino Americano de Honduras, Cardeal Óscar Andrés Rodriguez Maradiaga, conhecido na América Latina como o João Paulo II da América, pelo seu jeito carismático de ser, pela forma dinâmica e alegre em que vive sua vida como piloto de avião, saxofonista, baterista, guitarrista, e ainda por formação Salesiana possuir uma vida dedicada à juventude, como ensinava seu fundador Dom Bosco.

O Africano do Gana, Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, que é membro dos seguintes dicastérios vaticanos: Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e da Congregação para a Evangelização dos Povos; do Pontifício Conselho Justiça e Paz e Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos; da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja. No dia 24 de outubro de 2009, o Papa Bento XVI o nomeou presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz.

Não temos medo de sermos ousados diante da misericórdia de Deus, e se bem aprendemos com nosso ainda líder e pastor, Bento XVI, é hora de termos atitude de mudança e humildade para a fé em ação. Sabemos que existe uma ação também humana, colocada por Deus e pela história, nas mãos dos escolhidos cardeais.

Que Deus, o Senhor de Abraão, Isaac e Jacó, o Pai de Nosso Mestre Jesus Cristo nosso irmão, nascido da mulher corajosa e destemida, Maria,  faça nesse tempo de Quaresma que se inicia, a “conversão” = mudança necessária sobre a rocha alicerçada com o sangue do Senhor, na Igreja de Deus.

Que o Senhor, veja nossos pedidos e preces, mas que cumpra a Sua vontade.

Dado nessa madrugada de 13 de fevereiro de 2013, quarta-feira de cinzas, tempo de mudanças pela Paixão do Senhor:

Paulo Vaz, leigo e batizado na comunidade de Jesus Cristo, a Igreja Universal (Católica), aos meus irmãos, amigos e também servos simples, da igreja de Cristo, pelo amor da verdade.

 

“Como um pastor se inquieta por causa de seu rebanho, assim me inquietarei por causa do meu; eu os conduzirei de todos os lugares por onde tinha sido dispersos num dia de nuvens e de trevas. Para pastoreá-las suscitarei um só pastor, meu servo. Será ele quem as conduzirá

 

à pastagem e lhes servirá de pastor. Eu, o Senhor, serei seu Deus, enquanto meu servo será um príncipe no meio delas. Sou eu, o Senhor, que o declaro.

(Cf. Ezequiel 34, 11-12; 23-24)