Palavra do Papa

Mensagens do Papa

 

 
Amor ao próximo, 
realização do Reino
de Deus

Papa Bento XVI

 

No entanto, durante sua paixão, reivindicou uma realeza singular diante de Pilatos, que o interrogou explicitamente: «Tu és rei?», e Jesus respondeu: «Tu o dizes, sou rei» (Jo 18, 37); pouco antes, porém, Ele havia declarado: «Meu reino não é deste mundo» (Jo 18, 36).

 

Queridos irmãos e irmãs,

Celebramos hoje, último domingo do ano litúrgico, a solenidade do nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Sabemos pelos evangelhos que Jesus rejeitou o título de rei quando este se entendia em sentido político, no sentido dos «chefes das nações» (cf. Mt 20, 24). No entanto, durante sua paixão, reivindicou uma realeza singular diante de Pilatos, que o interrogou explicitamente: «Tu és rei?», e Jesus respondeu: «Tu o dizes, sou rei» (Jo 18, 37); pouco antes, porém, Ele havia declarado: «Meu reino não é deste mundo» (Jo 18, 36). A realeza de Cristo, de fato, é revelação e atuação da de Deus Pai, que governa todas as coisas com amor e com justiça. O Pai confiou ao Filho a missão de dar aos homens a vida eterna amando-os até o sacrifício supremo, e ao mesmo tempo lhe conferiu o poder de julgá-los, desde o momento em que se tornou Filho do Homem, semelhante a nós em tudo, menos no pecado.

O Evangelho de hoje insiste precisamente na realeza universal de Cristo juiz, com a estupenda parábola do juízo final, que São Mateus colocou imediatamente antes do relato da Paixão (25, 31-46). As imagens são simples, a linguagem é popular, mas a mensagem é extremamente importante: é a verdade sobre o nosso destino último e sobre o critério com que seremos julgados. «Eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa» (Mt 25, 35), etc. Quem não conhece esta página? Ela faz parte da nossa civilização. Marcou a história dos povos de cultura cristã: a hierarquia de valores, as instituições, as múltiplas obras benéficas e sociais. De fato, o reino de Cristo não é deste mundo, mas leva a cabo todo o bem que, graças a Deus, existe no homem e na história. Se colocarmos em prática o amor ao nosso próximo, segundo a mensagem evangélica, então daremos espaço ao senhorio de Deus, e o seu Reino se realizará no meio de nós. Se, no entanto, cada um pensar somente nos seus próprios interesses, o mundo não poderá não ir à ruína.

Queridos amigos, o Reino de Deus não é uma questão de honras ou de aparências, mas, como escreve São Paulo, é «justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rm 14, 17). O Senhor se importa com o nosso bem, isto é, que todo homem tenha a vida, que especialmente os seus filhos «pequenos» possam participar do banquete que Ele preparou para todos. Por isso, Ele não suporta essas formas hipócritas de quem diz: «Senhor» e depois descuida seus mandamentos (cf. Mt 7, 21). No seu Reino eterno, Deus acolhe todos os que se esforçam dia a dia por colocar em prática a sua palavra. Por isso, Nossa Senhora, a mais humilde de todas as criaturas, é a maior aos seus olhos e se senta como Rainha à direita de Cristo Rei. À sua celeste intercessão queremos recorrer, mais uma vez, com confiança filial, para poder levar a cabo nossa missão cristã no mundo.

 

 

 

Mensagem do Papa aos jovens

 

BentoXVI fala sobre idolatria ao dinheiro, falta de esperança e futuro

 

Jovens, não se deixem atrair pela idolatria do dinheiro, dos bens materiais, da carreira e do sucesso, que não cedam à lógica do interesse egoísta e que se ponham a serviço do bem comum e da verdade. 

Quero lembrar aos jovens que se preparam para a jornada mundial da juventude que será realizado em Madri em 2011 que tem como lema “Pusemos a nossa esperança em um Deus vivo" que todos advertimos da necessidade de esperança, mas não de qualquer esperança, e sim de uma esperança firme e crível. 

A juventude é tempo de esperança, porque olha para o futuro com diferentes expectativas? A política, a ciência, a tecnologia, a economia ou qualquer outro recurso material por si sós não são suficientes para oferecer a grande esperança à qual todos aspiramos. Nossa esperança só pode ser Deus. 

Uma das consequências principais dos que pensam que Deus os esqueceu, é a desorientação que caracteriza as sociedades, que se manifesta na solidão e na violência, na insatisfação e na perda de confiança, chegando inclusive ao desespero. 

A crise de esperança afeta mais facilmente as novas gerações que, em contextos socioculturais carentes de certezas, de valores e pontos de referência sólidos, têm que enfrentar dificuldades que parecem superiores às suas forças. 

Penso em tantos jovens feridos pela vida e condicionados por uma imaturidade pessoal que é frequentemente consequência de um vazio familiar, de opções educativas permissivas e libertárias, e de experiências negativas e traumáticas. Para alguns destes jovens, a única saída possível é uma fuga alienante rumo a comportamentos perigosos e violentos, em direção à dependência de drogas e álcool, e para tantas outras formas de mal-estar juvenil.

É necessária uma nova evangelização, que ajude as novas gerações a descobrir "o rosto autêntico de Deus, que é Amor". 

Jovens rezem, de preferência em companhia, e a participem da liturgia de suas paróquias e ativamente dos sacramentos. Sejam pacientes e perseverantes a vencer a natural tendência da pressa, de querer obter tudo e imediatamente. 

Façam perceber que entendem as ciladas da idolatria do dinheiro, dos bens materiais, da carreira e do sucesso, e não se deixem atrair por estas falsas ilusões. Não cedam à lógica do interesse egoísta; pelo contrário, cultivem o amor ao próximo e façam esforço para colocar a vocês mesmos, com suas capacidades humanas e profissionais, a serviço do bem comum e da verdade. 

Mensagem do Papa Bento XVI por ocasião da Jornada Mundial da Juventude Madrid 2011